Os bobos
Escreve quem sabe
2017-05-12 às 06h00
O mês de maio é, para os escuteiros católicos portugueses, um mês muito especial. Desde logo, porque foi no dia 27 de maio de 1923 que o Arcebispo D. Manuel Vieira de Matos fundou o Corpo Nacional de Escutas e este, desde logo, adotou Maria como Mãe dos Escutas, tal decisão ligou, para sempre, o escutismo católico português ao mês de maio, também conhecido como o mês de Maria. No presente ano, pela celebração do centenário das aparições de Fátima e, de forma especial, pela vinda do Papa e pela canonização de Francisco e Jacinta.
Por isso, hoje, falar de Fátima é ter presente a mensagem que o Papa Francisco fez divulgar, na passada quarta-feira, onde num texto curto, mas rico de significado, ele justifica a sua opção, explica as razões do seu peregrinar até à «casa da Mãe».
Porque ao dirigir-se ao «povo português», o Papa dirige-se a todos e a cada um de nós, para que cada um sinta, com o coração, a sua mensagem. Não quero cometer a indelicadeza de impor a minha apropriação do texto, que só é a minha e sou apenas um dos seus leitores, de entre muitíssimos: uns escuteiros e outros não, uns cristãos e outros não, uns crentes e outros não. Todos sabemos que a mensagem de um texto é, tanto mais rica, quanto mais leitores se apropriarem dela, por isso, deixo-vos com a transcrição da mesma para que dela possam retirar e extrapolar tudo o que os vossos corações tomarem como significativo:
«Querido povo português!
Faltam poucos dias para a minha e vossa peregrinação até junto de Nossa Senhora de Fátima, vivendo-os em feliz expetativa do nosso encontro na casa da Mãe. Bem sei que me queríeis também nas vossas casas e comunidades, nas vossas aldeias e cidades: o convite chegou-me! Escusado será dizer que gostaria de o aceitar, mas não me é possível! Desde já agradeço a compreensão com que as diversas Autoridades acolheram a minha decisão de circunscrever a visita aos momentos e atos próprios da peregrinação no Santuário de Fátima, marcando encontro com todos aos pés da Virgem Mãe.
De facto, é nas vestes de Pastor universal que me apresento diante d’Ela, oferecendo-Lhe o buquê das mais lindas «flores» que Jesus confiou aos meus cuidados (cf. Jo 21, 15-17), ou seja, os irmãos e irmãs do mundo inteiro resgatados pelo seu sangue, sem excluir ninguém. Vedes? Preciso de vos ter comigo; preciso da vossa união (física ou espiritual, importante é que seja do coração) para o meu buquê de flores, a minha «rosa de ouro». Formando nós «um só coração e uma só alma» (cf. At 4, 32), entregar-vos-ei todos a Nossa Senhora, pedindo-Lhe para segredar a cada um: «O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus» (Aparição de junho de 1917).
«Com Maria, peregrino na esperança e na paz»: assim reza o lema desta nossa peregrinação, sendo todo ele um programa de conversão. Para esse momento abençoado que culmina um centenário de momentos abençoados, alegra-me saber que vos estais a preparar com intensa oração. Esta alarga o nosso coração e prepara-o para receber os dons de Deus. Agradeço-vos as orações e sacrifícios que diariamente ofereceis por mim e de que muito preciso, pois sou um pecador entre pecadores, «um homem de lábios impuros, que habita no meio de um povo de lábios impuros» (Is 6, 5). A oração ilumina os meus olhos para saber olhar os outros como Deus os vê, para amar os outros como Ele os ama.
No seu nome, venho até vós na alegria de partilhar convosco o Evangelho da esperança e da paz. O Senhor vos abençoe e a Virgem Mãe vos proteja!».
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