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2015-07-30 às 00h21
Esta é a principal conclusão da primeira tese de doutoramento em reprodução de burros da raça mirandesa realizada em Portugal.
Esta é a principal conclusão da primeira tese de doutoramento em reprodução de burros da raça mirandesa realizada em Portugal.
A raça Asinina de Miranda ou a raça Burro Mirandês pode extinguir-se nos próximos 50 anos. Esta é uma das conclusões do trabalho de investigação de Miguel Quaresma, Médico Veterinário na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) que, na sua tese de doutoramento, se debruçou sobre a análise da demografia e reprodução da população da raça Asinina de Miranda.
“Quisemos prever a progressão da raça sob as atuais condições de maneio e identificar as variáveis vitais à sua sobrevivência. Concluímos que a raça está atualmente em risco de extinção”, afirma Miguel Quaresma
O estudo aponta como fatores críticos de extinção a baixa percentagem anual de fêmeas em reprodução, “devida principalmente ao abandono progressivo da criação destes animais”.
“Estima-se em 600 indivíduos a população reprodutiva, que está envelhecida, onde menos de metade das fêmeas de raça pura registadas pariram e algumas pariram uma única vez” esclarece o investigador.
Mas outros fatores poem em causa a preservação da espécie. A taxa de mortalidade em burrancos (crias) no primeiro mês de vida é um deles, tendo-se verificado que é “que é mais alta nos machos e mais baixa nas fêmeas”. Igualmente, em idade avançada, as fêmeas tem um menor sucesso reprodutivo (a partir dos 15 anos de idade), o que contribui para os riscos de extinção.
“A proporção de partos/animais vivos é baixa, não sendo suficiente para a manutenção da raça”. Alerta o especialista. Mas, acrescenta, caso aumente o número de crias, “uma pequena percentagem de fêmeas a reproduzir será suficiente para manter a população”.
Outro dos fatores de risco para a conservação da raça do Burro Mirandês é o aumento da consanguinidade. Esta deve-se, segundo o estudo, a fatores como à baixa taxa de reprodução, ao reduzido número de machos, à desigual contribuição para a genética populacional e ainda à contribuição desigual dos diferentes criadores para a genética da população. A solução passa mais uma vez pelo aumento do número de animais utilizados na reprodução.
“Um número maior de machos deve ser introduzido na reprodução em busca de uma contribuição igual de sua genética para a raça, especialmente dos menos representados. O mesmo se aplica para as burras em idade reprodutiva”, sustenta Miguel Quaresma.
Neste estudo foi também a analisada a fisiologia reprodutiva das fêmeas da raça mirandesa. As principais conclusões indicam que a “perda de condição corporal no inverno pode afetar a capacidade de reprodução e a elevada taxa de gestações gemelares”, mas também que a altura do ano em que as crias nascem pode ser “importante para a sua sobrevivência”.
Conhecido o “papel fundamental” no equilíbrio ecológico das zonas rurais, urge a procura de programas de melhoramento da raça. Mas, fatores como a idade dos agricultores, a localização na região de origem, e o tamanho da fazenda “podem contribuir negativamente” para estes programas, alerta o médico veterinário.
“Havendo interesse na conservação e caracterização da raça, devem ser criados incentivos adicionais para a procriação”. Por isso o responsável acredita que políticas de estímulo para criadores e proprietários mais jovens e o apoio a proprietários mais velhos podem fazer parte da solução.
“Novas estratégias para o uso sustentável do Burro Mirandês devem ser fomentadas para combater a variação negativa em práticas agrícolas que deixaram os rebanhos tradicionais com nenhum incentivo para se reproduzir”, salienta.
Pelo que, o Turismo, a Asinoterapia, a produção de leite de forma sustentável, respeitando o bem-estar animal, ou ainda a utilização do Burro Mirandês como animal de estimação, apresentam-se como “possíveis soluções para sustentabilidade da raça”, conclui o investigador.
*** Nota do Gabinete de Comunicação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) ***
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